Precisamos Falar Sobre Diversidade

Diversidade significa variedade, pluralidade, diferença. É um substantivo feminino que caracteriza tudo que é diverso, que tem multiplicidade.
Diversidade é a reunião de tudo aquilo que apresenta múltiplos aspectos e que se diferenciam entre si, ex.: diversidade cultural, diversidade biológica, diversidade étnica, linguística, religiosa etc.

O contexto da sociedade contemporânea mergulhado na globalização na economia, fluxo comunicativo e interação contínua tem traçado mudanças profundas nas visões sobre a própria sociedade. O tema diversidade e a forma complexa que este conceito tem se desenvolvido é fruto do contexto no qual ele se encontra inserido, de mudanças constantes e de uma valorização e percepção das grandes diferenças sejam sociais, políticas, culturais, sexuais, étnicas entre outros.
A definição de diversidade pode ser entendida como o conjunto de diferenças e valores compartilhados pelos seres humanos na vida social. Este conceito está intimamente ligado aos conceitos de pluralidade, multiplicidade, diferentes modos de percepção e abordagem, heterogeneidade e variedade.

Diversidade Cultural
Adiversidade cultural representa o conjunto das distintas culturas que existem no planeta.
A cultura compreende o conjunto de costumes e tradições de um povo os quais são transmitidos de geração em geração.
Como elementos culturais representativos de um determinado povo destacam-se: língua, crenças, comportamentos, valores, costumes, religião, folclore, dança, culinária, arte, dentre outros.
O que diferencia uma cultura das outras são os elementos constitutivos, que consequentemente, compõem o conceito de identidade cultural.
Isso significa que o individuo pertencente a determinado grupo se identifica com os fatores que determinam sua cultura.
A diversidade cultural engloba o conjunto de culturas que existem. Esses fatores de identidade distinguem o conjunto dos elementos simbólicos presentes nas culturas e são eles que reforçam as diferenças culturais que existem entre os seres humanos.
Muitos pesquisadores afirmam que o processo de globalização interfere na diversidade cultural. Isso porque há um intenso intercâmbio econômico e cultural entre os países, os quais muitas vezes, buscam a homogeneidade.

A "Declaração Universal da UNESCO sobre a Diversidade Cultural" foi aprovada em 2001 por 185 Estados-Membros. Ela representa o primeiro instrumento destinado a preservar e promover a diversidade cultural dos povos e o diálogo intercultural.
Diversidade Étnica
O Brasil é um país com grande diversidade étnica, sua população é composta essencialmente por três principais grupos étnicos: o indígena, o branco e o negro. Os indígenas constituem a população nativa do país, os portugueses foram os povos colonizadores da nação e os negros africanos foram trazidos para o trabalho escravo. 
Esse contexto proporcionou a miscigenação dos habitantes do Brasil, caracterizados como mulato (branco + negro); caboclo ou mameluco (branco + índio); cafuzo (índio + negro). Com o prosseguimento da miscigenação, originaram-se os inúmeros tipos que hoje compõem a nossa população. 
É sempre importante ressaltar que nos estados brasileiros não há homogeneidade étnica, e sim, a predominância de vários grupos. A distribuição dos principais grupos étnicos pelo território nacional é uma consequência do povoamento das regiões do país. 
A região Sul teve os europeus como principais povos ocupantes do território; na Amazônia, predominam os descendentes indígenas; os afro-descendentes são maioria no Nordeste brasileiro. No entanto, existe grande diversidade mesmo entre essas regiões, pois além de ter ocorrido a miscigenação nesses locais, há um grande fluxo migratório entre essas partes do Brasil. 
A diversidade étnica da população nacional muito contribuiu para a nossa identidade cultural. Vários aspectos culturais presentes em nossas vidas,são originários dos indígenas, portugueses, africanos, além dos outros imigrantes europeus, árabes e asiáticos. 
Diversidade Religiosa
Nos últimos 200 anos, novos movimentos religiosos floresceram. Nunca houve tanta diversidade de correntes religiosas como agora. Em países que receberam múltiplas influências culturais, como o Brasil, sincretismos e crenças originais enriquecem a experiência da humanidade. O pluralismo religioso é uma característica marcante do País. Muitos segmentos têm sua fé marcada em tradições milenares, como a consciência de Krishna, conhecida mundialmente entre outras religiões.
É sempre difícil respeitar o que não conhecemos. E, quando tratamos do complexo mundo das crenças, experimentamos dificuldades de compreensão, entendimento e respeito às religiosidades alheias. Daí a importância do diálogo, pois é ele que nos permite a troca, o conhecimento e o reconhecimento das vivências religiosas dos outros.
É muito comum conhecermos pessoas de diferentes religiões e, consequentemente, com tradições e hábitos diversificados. Respeitar essas diferenças é fundamental, principalmente porque o objetivo principal das religiões é transmitir os aspectos positivos dos seres humanos, relacionados à sua natureza, princípios e valores, tendo sempre em mente a compreensão do outro.
Com o processo de globalização, não existem mais limites geográficos para as grandes religiões mundiais. A migração e o avanço das tecnologias de comunicação fizeram com que, por exemplo, o islamismo invadisse a Europa e os Estados Unidos tivessem quase 3,7 milhões de adeptos do budismo. Mas essa troca cultural também tem gerado conflitos religiosos. Por isso, entender um pouco a complexidade e diversidade de crenças no mundo pode promover o respeito pela fé do outro.

Judaísmo

14 milhões ou 0,2% da população mundial
Vivem mais judeus nos Estados Unidos (5,7 milhões) do que em Israel
Os judeus são maioria apenas em Israel (76%)
Média de idade: 42 anos

Budismo

480 milhões ou 7% da população mundial
Sete países são de maioria budista: Camboja, Tailândia, Mianmar, Butão, Sri Lanka, Laos e Mongólia.
Além do sudeste asiático, a concentração de budistas só é representativa nos Estados Unidos (3,5 milhões de adeptos) e Europa.
Média de idade: 47 anos

Sem religião

1,1 bilhão ou 16% da população mundial
São maioria em seis países: República Tcheca (76%), Coreia do Norte (71%), Estônia (60%), Japão (57%), Hong Kong (56%) e China (52%).
Esse grupo inclui ateus e agnósticos, mas principalmente quem acredita em Deus mas não tem vínculo institucional com igreja.
Média de idade: 46 anos

Cristianismo

2,2 bilhões ou 32% da população mundial
De 232 países pesquisados, 68% são de maioria cristã e 87% dos cristãos vivem neles.
Seus principais segmentos são: católicos (50%), protestantes (37%) e ortodoxos (12%).
Média de idade: 35 anos

Islamismo

1,6 bilhão ou 23% da população mundial
São maioria em 21% dos 232 países pesquisados. Cerca de 82% deles vivem no norte da África, Oriente Médio e sul da Ásia.
Seus maiores grupos são os sunitas (87%) e xiitas (13%).
Média de idade: 33 anos

Hinduísmo

1 bilhão ou 15% da população mundial
97% dos hindus vivem nos únicos três países em que são maioria: Nepal, Índia e Ilhas Maurício. Somente a Índia tem 973 milhões de praticantes.
As principais ramificações adoram os deuses Vixnu e Xiva
Média de idade: 38 anos

Religiões populares

São 405 milhões de adeptos ou 6% da população mundial
São religiões baseadas mais na tradição oral do que em um sistema institucional. Alguns exemplos são as tradições tribais da África e indígenas do Brasil.
90% deles estão no sudeste da Ásia. Outras concentrações estão na África, América Central e Brasil.
Média de idade: 44 anos

Outras religiões

São 58 milhões ou 0,8% da população mundial
São religiões pouco pesquisadas nos censos, como o xintoísmo, zoroastrismo, taoismo e wicca.
89% deles estão no sudeste da Ásia, principalmente na Índia, China e Japão
Média de idade: 45 anos
Diversidade Sexual
A diversidade é uma de nossas maiores riquezas. Foi ela que possibilitou à espécie experimentar-se de infinitas formas pela longa e difícil jornada da evolução. E na área da sexualidade? Sexualmente também somos diversos. Entretanto, as sociedades ainda rejeitam as demonstrações de diversidade sexual.
Aliás, elas não só rejeitam como estabelecem um padrão de normalidade e punem quem não obedece a ele. Foi assim, tentando padronizar artificialmente o que por natureza é amplo e diverso, que essas sociedades construíram uma triste história de intolerância, preconceito e violência, não apenas contra quem não se enquadra no padrão, mas contra a própria espécie humana.
A DISCRIMINAÇÃO e a violência contra pessoas por causa de sua orientação sexual as levam, freqüentemente, a uma vida semiclandestina, regida pelo medo constante de ser descobertas e incompreendidas. Para não serem discriminadas, essas pessoas caem em outro tipo de sofrimento, tão ou mais cruel: a dor de não poder ser o que se é. O que é pior: sofrer abertamente a discriminação ou viver uma vida de mentira?
O respeito à diversidade tem avançado em diversos setores da sociedade. Porém, no ambiente de trabalho, a questão ainda é permeada por bastante preconceito e discriminação. Uma pesquisa realizada pela Elancers, empresa da área de sistemas de recrutamento e seleção, mostrou que 11% das empresas não contratariam homossexuais para determinados cargos, referindo-se a posições de liderança e nível executivo. Um levantamento, divulgado em maio de 2015, foi feito com mais de 2.000 recrutadores, de cerca de 1.500 companhias brasileiras. "Funcionários executivos representam a imagem para o público e a empresa não quer sofrer com o preconceito", diz Cezar Tegon, presidente da Elancers. Na pesquisa, 7% dos entrevistados também disseram que não empregariam homossexuais declarados em nenhum cargo. "Na verdade, quase 20% têm algum tipo de discriminação", fala o executivo.
A orientação sexual ainda influencia fortemente a maneira como os LGBTs (lésbicas, gays, bissexuais, transexuais e travestis) são tratados no dia a dia do trabalho. Em um estudo com 230 profissionais LGBT, entre 18 e 50 anos, de 14 estados brasileiros, realizado pela consultoria de engajamento Santo Caos, 40% dos entrevistados disseram que já sofreram discriminação direta. "E todos relataram ter sofrido discriminação velada no trabalho", fala Jean Soldatelli, sócio-diretor da Santo Caos. Por medo de serem discriminados, demitidos ou terem sua capacidade profissional colocada em xeque, muitos profissionais preferem manter em segredo sua orientação sexual.

Diversidade Sexual – Violência

A maioria dos estudantes latino-americanos que se identificam como gays, lésbicas ou transexuais se sentem inseguros nas escolas. Esse é o resumo de uma pesquisa realizada em sete países da América Latina entre dezembro de 2015 e março de 2016.
No Brasil, a pesquisa foi conduzida em conjunto pela Universidade Federal do Paraná, pela organização social Grupo Dignidade e pela Associação Brasileira de Gays, Lésbicas e Transgêneros. Ao todo, 1016 estudantes do ensino básico, que tinham mais de 13 anos de idade e que se identificavam como LGBT responderam ao questionário, feito pela internet, de forma anônima. E o cenário é o seguinte: 73% desses estudantes sofrem bullying homofóbico; 60% se sentem inseguros nas escolas e 37% já sofreram violência física. Nos sete países estudados, que são Argentina, Chile, Uruguai, Peru, Colômbia, México e Brasil, os dados são muito parecidos, com exceção do Uruguai, onde todas as taxas são menores do que 50%.
Segundo Toni Reis, da Associação Brasileira de Gays, Lésbicas e Transgêneros, isso se deve a políticas públicas adotadas pelo Uruguai em respeito à diversidade.
Toni Reis: "Primeiro país onde tem educação sexual para o respeito, tem leis protetivas. É o estado que aprovou casamento entre pessoas do mesmo sexo, aprovou a questão do aborto, inclusive a liberação da maconha, ou seja, é um país onde a cultura é muito mais aberta às pessoas diferentes e o fundamentalismo religioso não é tão preponderante."
O Ministério da Saúde começou, em 2015, a incluir na ficha de notificação de violências dados sobre orientação sexual, identidade de gênero e motivação da violência sofrida por pessoas atendidas no SUS. Os primeiros números mostram que 24 pessoas identificas como LGBT sofrem violência por dia no Brasil. Pelo menos 10% desses casos foram motivados pela lgbtfobia.
O Ministério dos Direitos Humanos, por sua vez, publicou em 2016 o Relatório de Violência Homofóbica no Brasil referente ao ano de 2013. Segundo o documento, que analisa denúncias feitas ao Disque 100 e a outros órgãos do governo federal, cinco casos de violência homofóbica foram denunciados a cada dia de 2013.
Quase 40% dos casos ocorreram em espaços de uso coletivo, como delegacias, hospitais, igrejas e escolas. O tipo mais comum de violência é a psicológica, que inclui humilhação, ameaça, injúria, calúnia e difamação. O Christopher Souza sabe bem o que é isso. Ele fala sobre o que sofreu no ambiente de trabalho.Christopher Souza: "Depois que eu me assumi trans, eu tive a oportunidade de trabalhar numa empresa que se dizia aberta à diversidade, mas eu sofri transfobia todos os dias que trabalhei nessa empresa. Eles não respeitavam meu nome social e, quando retifiquei o nome, eles não alteraram no sistema, então, ficavam gritando no corredor da loja o nome da finada, todo mundo escutava e eu era motivo de chacota dentro da empresa. Até que um dia me chamaram de aberração, eu comecei a discutir e tinha um gerente supervisor no meio e ele não fez nada."
Já a autora do livro "Cansei de ser gay", Juliana Ferron, diz que não sofreu preconceito pela orientação sexual durante o período em que viveu a homossexualidade. Ela reconhece que existe sim preconceito da sociedade, mas critica o que chama de vitimização de gays e lésbicas.
Juliana Ferron: "Vejo que existe muito essa cultura de vitimização sobre o homossexual também, pra que ele fique acuado dizendo: olha, eu nasci assim, cresci assim, vou morrer assim, então o mundo que mude porque eu não tenho o que fazer."
O deputado Flavinho, do PSB de São Paulo, questiona os números de violência contra pessoas LGBT. Segundo o parlamentar, se uma travesti é morta na rua, por exemplo, não se pode concluir imediatamente que se trate de transfobia, pois essa população vive mais exposta a contextos de vulnerabilidade.
Flavinho: "É sabido que os homossexuais são muito passionais entre eles, o próprio par homossexual. E muitos crimes acontecem por passionalidade. Assim como casais heteros, mas, de forma muito especial com os casais homossexuais, há essa passionalidade, um ciúme muito maior do que em situações que seriam de heteronormatividade. Só que isso não é trazido pra discussão."
Segundo o Toni Reis, o excesso de brutalidade dos crimes demonstra que se trata, sim, de uma questão de ódio.
Toni Reis: "Todos os casos são comprovadamente com requintes de crueldade. A pessoa fala: eu matei porque era homossexual, eu espanquei porque não aceito, é uma aberração, é pecado, é doença, ou coisa que o valha. Todo nosso levantamento as pessoas são espancadas estritamente pela questão da identidade de gênero e a orientação sexual."
Sobre esse ódio, a psicóloga Sandra Sposito arrisca dar uma explicação. Para ela, há uma construção midiática que torna alguns grupos sociais responsáveis pela precarização do trabalho e da renda das pessoas, como se esses grupos estivessem pedindo direitos demais e desorganizando a sociedade.
Sandra Sposito: "Como se conserta isso? Extirpando essas pessoas, eliminando essas pessoas, ou violentando essas pessoas pra que elas se recoloquem no lugar de marginalidade, submissão e invisibilidade e que se possa restabelecer supostamente uma proteção social, uma condição melhor de emprego, o que nunca vai acontecer porque esses processos são político-econômicos e não interpessoais."
Um projeto de lei que criminalizava a homofobia (PL 5003/01) chegou a ser aprovado pela Câmara em 2006, mas foi arquivado no Senado no fim de 2014. A deputada Maria do Rosário, do PT gaúcho, apresentou nova proposta em 2014 (PL 7582/14), com o objetivo de criar mecanismos para coibir os crimes de ódio e intolerância.
Em julho de 2017, a ministra dos Direitos Humanos, Luislinda Valois, enviou ofício ao presidente da Câmara, Rodrigo Maia, pedindo agilidade na apreciação e na aprovação desse projeto. E também do projeto (PL 5002/13) que garante o direito à identidade de gênero.
Para a coautora dessa proposta, a deputada Erika Kokay, do PT do Distrito Federal, o respeito à identidade de gênero é o primeiro passo para o combate à homofobia.
Erika Kokay: "Você não pode expressar a sua afetividade, a sua forma de ser. E, se a gente não pode expressar a afetividade, a gente não pode viver a humanidade. (...) A morte literal é precedida de uma morte simbólica e nós vamos ver que essas estatísticas que apontam o Brasil como o país onde mais se mata a população LGBT do mundo são tecidas em vários universos. E é muito bom que possamos constatar isso para que nós tenhamos a clareza do quão cruel você tirar a discussão de identidade de gênero e orientação sexual de dentro das escolas, dos planos nacionais."
O Ministério da Educação enfrentou resistência ao propor a retirada dos termos “orientação sexual” e “identidade de gênero” da Base Nacional Comum Curricular. O texto ainda está em discussão.




Conforme enfatiza a Declaração Universal dos Direitos Humanos é necessário atentar para a maneira de ensinar as crianças a respeitar o “diferente”, a diversidade, os direitos e deveres. “É necessário que as diferentes crenças e valores, as dúvidas e os questionamentos sobre os diversos aspectos ligados à sexualidade encontrem espaço para se expressar”. Sempre salientando a necessidade de uma sociedade livre e democrática, onde é necessário haver respeito, para que possa prevalecer a sensação da cultura da paz nos ambientes, inclusive nos escolares, certamente fará a diferença e teremos resultados positivos.
 

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